Chegados à cidade de Alcobaça de autocaravana optamos como base de pernoita pela área de serviço com zona de pernoita para autocaravanas perto do centro de Alcobaça.
Equipada com casas de banho, luz, água e despejos. Localizada na Rua Professor Engenheiro Joaquim Vieira Natividade, fica ao pé do Café Restaurante do Clube de Ténis, onde é possível comer refeições caseiras a preços convidativos 👍 aconselhamos!
Foi este o nosso local escolhido para pernoitar na Autocaravana
Depois de devidamente instalados, o Mosteiro classificado pela UNESCO como Património da Humanidade em 1989 foi a nossa primeira paragem.
Este monumento guarda quase 900 anos de história e abre as portas para uma cidade para nós de visita obrigatória.
“Por mais que tente e que faça, quem passa por Alcobaça tem que por força voltar”, já cantava (e bem) a cantora portuguesa Maria de Lourdes Resende.
Uma canção que imortalizou Alcobaça e, em troca, Alcobaça imortalizou-a dando o seu nome a uma das principais ruas da cidade.
É lá que começa a nossa visita guiada, a caminho do centro, onde Alcobaça se ergueu entre os rios Alcoa e Baça.
Há quem defenda que o seu nome não nasceu simplesmente deste acaso geográfico, mas sim devido à sua ocupação árabe, época em que era chamada “Al Cobaxa”.
Mas é a Ordem de Cister que conta a história desta cidade. “A Ordem de Cister é uma ordem religiosa católica e os seus membros religiosos são os monges também conhecidos por cistercienses”, explica a nossa guia.
Estima-se que estes realizassem um trabalho muitíssimo importante, sem o qual os Templários não teriam a necessária retaguarda para o desempenho da sua missão de monges guerreiros ao serviço de uma nação e de um objetivo global: a união do Ocidente e Oriente em torno de um império espiritual.
“Cada vez mais me convenço que existem todos os indícios de que os monges cistercienses terão chegado a Portugal na década de 1130. O primeiro local onde eles terão estado terá sido no Mosteiro de São Cristóvão de Lafões. E como é que os monges ocuparam Alcobaça?
O primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques e sua mulher Rainha D. Mafalda doaram as terras de Alcobaça à Ordem de Cister como agradecimento do monarca pela ajuda na conquista de Santarém aos mouros. Durante este período, a conquista de territórios a sul e o respectivo povoamento eram determinantes para a consolidação de Portugal enquanto país. Ao mesmo tempo, a Europa reassumia a necessidade de continuar a marcar a presença num mundo que assista igualmente ao avanço ameaçador do Islão.
Claro que aqui poderíamos colocar outras questões: como é que a Ordem do Cister (que remonta à fundação da Abadia de Cister em território francês) soube do conhecimento desta terra em Portugal?”, questiona a nossa guia. “Havia gente do nosso território que conhecia estrangeiros e estou convencida que estabeleceram contactos com gente que conhecia Cister. Eles vieram para aqui e não vieram por acaso.
Eles sabiam para onde vinham” afirma! Assim, a 8 de Abril de 1153 regista-se a data da fundação da Abadia de Santa Maria de Alcobaça e da sua Carta de Couto. A construção do templo foi iniciado em 1178, tendo como inspiração a abadia de Claraval (em França), sede da Ordem de Cister. O Mosteiro de Alcobaça foi assim construído num estilo a que chamou Gótico Primitivo, que tem o seu expoente máximo na Catedral de Notre Dame, em Paris. “Inicialmente, o Mosteiro de Alcobaça não era aquilo que hoje nós vemos.
Provavelmente, a primeira construção seria em madeira como era normal. Depois de nascer um pequeno Mosteiro é que se lançou realmente a obra do grande Mosteiro que os séculos nos deixaram, alerta a nossa guia.
A partir daí os monges vão iniciar todo um trabalho de fixação que é extraordinário. Quem vai fazer Alcobaça vão ser efetivamente os monges com o seu trabalho de desbravamento de terras, secagens de pântanos e de lançar todas as bases da vida”, conta.
E como é que era a vida dentro do Mosteiro do Alcobaça? “Os Mosteiros de Cister, de uma maneira geral, estão ligados a um certo entendimento espiritual do mundo e da vida. O Mosteiro de Alcobaça é um deles.
Lá viviam os monges que seguiam a regra do 'ora et labora' (reza e trabalha) – aqueles que fizeram profissão – e os conversos com um hábito de cor castanha”.
Hoje é impossível ignorar a imponência do Mosteiro de Alcobaça que foi classificado pela UNESCO como Património Mundial em 1989.
É uma obra de séculos com um ambicioso conjunto arquitetônico de 220 metros de comprimento que se divide em 3 corpos: a igreja, ala Norte e ala Sul.
Da época medieval são igualmente algumas dependências que permitem imaginar como seria o cotidiano dos monges que o habitaram. Deste edifício é de destacar a fachada, a igreja, a sala dos túmulos
a Capela de S. Bernardo, a Capela do Senhor dos Passos, o Claustro de D. Dinis, as salas do Capítulo e dos Monges, a Cozinha e o refeitório, o dormitório ea sala dos Reis.
“E outros espaços que ao longo dos séculos, foram convertidos e outros deitados abaixo para se fazerem coisas novas de acordo com as exigências dos tempos”, acrescenta a nossa guia. “Por exemplo, o dormitório dos conversos que era uma parte importante dentro do Mosteiro e que não temos hoje Mosteiro de Alcobaça porque foi deitado abaixo para as obras do XVII.” Posteriores, e seguindo por isso a complexa estética barroca, há espaços igualmente interessantes, como a Sacristia Nova,
a Capela Relicário, assim chamada por possuir 89 esculturas-relicário
e a Capela de Nossa Senhora do Desterro, com um interior revestido a azulejos, com episódios bíblico, como a Fuga e o Regresso do Egipto e os passos da vida de Jesus.
Foi, inclusive, neste Mosteiro um dos quatro lugares Património Mundial do Centro de Portugal, que se deram como primeiras aulas públicas em Portugal.
Mas a visita ao Património Mundial do Centro de Portugal, acompanhada pela nossa guia, continua.
Alcobaça está atualmente em expansão de olhos postos no futuro, sem, no entanto, esquecer as suas tradições indissociáveis da presença, durante quase 700 anos, da Ordem de Cister.
O legado da Ordem de Cister transformou Alcobaça na cidade dos doces convencionais e as trouxas-de-ovos têm grande parte da sua origem nos conventos e mosteiros portugueses.
As claras de ovos utilizadas para a confecção de hostias ou para engomar os hábitos deixavam as gemas que, para não serem desperdiçadas levaram as freiras e os frades a criarem doces ricos com açúcar e gemas.
De facto, a visita à região de Alcobaça é inegavelmente enriquecedora: dos Mosteiros de Alcobaça e de Coz ao Museu Nacional do Vinho, passando pela gastronomia rica e variada,
não faltam eventos culturais que deixam quem passa por Alcobaça com vontade de lá voltar.
O nosso bem haja a este Município que tão bem saber receber o turismo em autocaravana, obrigado!
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